Mergulhando no universo Ux. Como foi (até agora) a minha empreitada para entrar na área.

Almir Oliveira
6 min readDec 20, 2020

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Photo by Kelly Sikkema on Unsplash

Não, ainda não estou trabalhando como Ux Researcher, mas quero deixar aqui, como legado, a experiência e aprendizagem que tive até agora nesse processo.

Foi tudo meio que no susto! Uma experiência parecida com se apaixonar, pois foi quase que em um choque e logo já não pensava em mais em outra coisa. Passo horas a fio estudando, pesquisando sobre as técnicas, o mercado e as possibilidades. Praticamente virei aquele chato que entrou no marketing multinível com os meus amigos.

Mas vamos ao que interessa? Dividi em tópicos os principais pontos que acredito que devemos levar em conta na hora de se aventurar na Ux:

1 — Dificuldades:

Arrumar os primeiros trabalhos é um processo muito árduo e provavelmente demorado, pois a primeira coisa que as empresas exigem é experiência, e para ter experiência, é preciso trabalhar (belo e terrível paradoxo). Por mais que você estude e domine os temas, ter um portfólio é o que fala mais alto. Muitas vezes, você terá que buscar trabalhos limitados com os seus contatos ou em empresas que se proponham a te introduzir no meio (se você tiver sorte) ou então oferecendo trabalhos gratuitos ou a baixíssimo custo para ONGs em troca de experiência verificável e reconhecimento. Mesmo assim, nem por isso você vai ficar parado esperando uma oportunidade cair no colo, não é mesmo? Por isso, mais adiante falarei a respeito de estudar.

2 — Rede de contatos:

Photo by Omar Flores on Unsplash

A primeira sugestão que quero deixar é de mobilizar os seus contatos o máximo possível! (Infelizmente, isso escancara bastante as relações de privilégios da nossa sociedade, pois quem vem de situações socioeconômicas mais favorecidas, sempre terá chances de obter melhores contatos, já que conhecerá mais pessoas experimentadas no mercado e mais pessoas que ocupam cargos de liderança, e isso pode dar um impulso enorme e quebrar diversas barreiras) Ainda assim, acho importante que o máximo de pessoas possível saibam que você está atrás de trabalho e migrando de área, pois a gente pode receber ajuda ou aconselhamentos de quem menos espera. Eu, por exemplo, descobri vários amigos e colegas que estão trabalhando em Ux, ou que pelo menos já flertaram com a área e, à maneira de cada um, conhece o caminho das pedras e que estão me ajudando muito. Além disso, podem levar a outras pessoas e empresas que podem ser a grande chance do primeiro emprego. E como não existem fronteiras claras entre as áreas de trabalho, mesmo quem em princípio trabalha em um setor diferente pode trazer informações e contatos valiosos para você.

3 — Currículo, LinkedIn e outras plataformas:

Acho que tenho conseguido fazer um bom trabalho aqui, graças a ajuda de bons amigos, especialmente de uma que é Coordenadora de Aquisição de Talentos de uma empresa incrível e me ajudou a reestruturar toda a minha apresentação e aprendi muitas coisas com ela.

A parte mais importante é você não ter medo de se valorizar. Não se sinta arrogante, muito menos que está mentindo. É questão de saber mostrar que você tem valor e que suas experiências e conhecimentos podem fazer a diferença em uma equipe Ux, e certamente você tem! É bastante interessante e atrativo quando você monta a sua apresentação como uma narrativa que tem como desfecho o seu início de carreira na nova área. Isso torna o seu currículo mais fácil de ler e desperta mais atenção d@ recrutador(a). Pensa que quem está recrutando lê dezenas ou centenas de currículos por dia para diversas vagas e não vai pegar o seu com um olhar diferente se você não fizer nada para isso.

Para que você tenha mais chances, faça um currículo específico para a área e, em alguns casos, até para uma empresa específica, colocando cursos e experiências mais pertinentes na frente e até suprimindo aquelas informações que talvez não sejam representativas nesse momento.

Para ter um bom layout, recomendo que procure modelos de currículos em plataformas especializadas, como a Canva.com, de onde selecionei o meu.

O LinkedIn se tornou uma rede social fundamental e confesso que só comecei a dar o seu devido valor agora e vejo três principais valores na plataforma: aumento da sua rede de contatos de pessoas e empresas, pois pode adicionar Ux de diversas empresas e regiões; acesso a trocas de conteúdo e experiências; acesso às vagas de trabalho disponíveis, que podem ser segmentadas por nível de experiência, localização e outras informações. Por isso vale apena mantê-lo sempre atualizado com as suas informações pessoais, cursos realizados, certificações, se tiver, e adicionando novas pessoas que julgar pertinentes (nunca sabemos de onde pode vir a ajuda, lembra?).

Outro ponto muito importante é gerar conteúdo, pois isso mostra que você está interessado na área, tem domínio dos temas e solidifica as suas relações com as outras pessoas da sua rede. Poste matérias, artigos, vídeos ou qualquer outro material que você acredita que pode gerar interesse de outras pessoas, especialmente se for referente à área que você almeja.

Há outras plataformas que ainda não explorei muito, mas que vale dar atenção, como o Indeed, o Vagas.com e o 99freelas, por exemplo. Provavelmente podem dar acesso àquele primeiro freela tão esperado.

4 — Cursos:

Ouvi de diversas pessoas da área que essa área não prioriza cursos, mas sim a experiência prática. Porém, nem por isso deixei de correr atrás de cursos, especialmente aqueles que dão certificados, e tive ótimas surpresas.

A primeira dela é a coletânea de “nano cursos” gratuitos que a FIAP oferece, que são todos muito bem elaborados, com uma boa profundidade e pelo menos a metade deles trata de temas os quais precisamos conhecer para desenvolver um bom trabalho em Ux Research. Os cursos têm vídeos, bastante textos divididos em charts e no final é possível fazer uma prova para tirar certificado, também gratuito.

Plataformas como a Udemy também oferecem cursos interessantes por preços módicos e alguns aprofundam bem e trazem exercícios para desenvolvermos bem os temas, como é o caso do “Curso Ux Research”, que fiz e gostei bastante. Ah, e também dão certificado que pode ser adicionado ao LinkedIn.

O Youtube também traz muita, mas muita informação para quem quer aprender sobre Design Thinking, Metodologia Ágil e programas como o Adobe XD e o Miro. É incrível a quantidade de pessoas que se dispõem a gerar material gratuitamente (ou mesmo em troca de monetização do vídeo) para ajudar aqueles que estão chegando. Aliás me impressiona e encanta o nível de solidariedade das pessoas nesse meio.

Existem também uma infinidade de blogs, de escritores aqui no Medium e outras páginas que também geram conteúdo que pode nos ajudar muito. Nas plataformas de áudio também tem muitos podcasts que falam estritamente sobre o assunto, como o Movimento Ux e Papo de Ux. Ouço os dois e tem alguns episódios que são excelentes!

5 — Mantenha-se sempre bem informado

Não se vive só de cursos. Acho que são importantes, mas também é fundamental se informar e entender as dinâmicas da área por outros meios. Por exemplo, lendo as informações que as vagas oferecem, pois assim você conseguirá apreender melhor o que as empresas esperam de você, como domínio de técnicas, de programas, soft skills, questões comportamentais, dentre outras. Demonstrar domínio e interesse pode ser um fator diferencial na hora da entrevista.

6 — Nunca deixe de acreditar em você e no seu êxito

Como já disse, o processo é árduo e tende a ser demorado, mas é perfeitamente possível. As equipes de Ux tendem a agregar pessoas de diferentes perfis e formações para enriquecer a sua capacidade analítica. Portanto, sempre poderá haver um espaço para você, seja como designer, researcher ou writer. O mais importante é sempre se manter aprendendo, procurando portas e janelas para entrar e buscando ajuda dos parentes, amigos e mesmo desconhecidos.

Não perca fôlego, mantenha o ritmo constante e não esqueça nunca dos seus objetivos. A linha de chegada estará sempre cada vez mais perto de você!

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Estas reflexões são de alguém que está experimentando uma infinidade de coisas novas e se mantém na luta para conseguir atingir os seus objetivos. Dessa forma, possivelmente terei mudado ou melhorado algumas das minhas opiniões e conhecimentos e este texto estará sempre sujeito a alterações ou mesmo a cair em desuso. Por isso, estou totalmente aberto a críticas, sugestões ou convites para pensar junto. :)

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Almir Oliveira

Cientista Social de formação, Ux Researcher em constante aprendizagem, cinéfilo, apaixonado por comida e culinária, corredor que usa a corrida como terapia.